Inside News #06 - O que Ozempic e IA têm em comum? A culpa.
Quem usa, não assume. O motivo é o mesmo: medo de julgamento.
Tempo de Leitura: 8 minutos
Nas edições anteriores:
#3 SXSW 2025: insights de beleza do maior festival de inovação do mundo
#4 Corpos reais no Brasil floparam?
#5 Até onde a beleza dita nossas emoções?
Oi, como estão? Bem-vindos a mais uma edição da Inside News!
⚲ Por onde estou: Em modo férias. E não é qualquer descanso, é aquele esforço silencioso de uma empreendedora que tenta, com culpa ou sem, se permitir parar.
🧾 O que estou assistindo: Querendo assistir a nova temporada de Nine Perfect Strangers. Uma mistura de White Lotus com Big Little Lies, que usa o wellness como palco para refletir sobre desejo, disfarces e transformação. Alguém já viu? Me contem.
O que a IA e o Ozempic têm em comum?
Ozempic ou ChatGPT. Tópicos que, à primeira vista, habitam universos distintos, mas que, na prática, estão redesenhando silenciosamente a forma como nos relacionamos com corpo, tempo, trabalho, presença e cuidado. Já parou pra pensar?
Estava lendo uma matéria esses dias justamente sobre isso. Tá todo mundo usando I.A. para tudo… será que isso é necessariamente algo ruim? Tem quem tema: “A IA vai roubar meu trabalho?”. Tem quem adore: “Ela deixou meu trabalho mais leve”. No meio, há um sentimento difícil de nomear, aquela sensação entre encantamento, medo e cansaço. O fato é que, enquanto brigamos com o futuro, deixamos de aproveitar o presente. Automatizar tarefas repetitivas pode ser sim libertador, desde que o tempo economizado seja investido em bem-estar real, e não em mais produtividade.
A verdade é que estamos vivendo uma revolução.
A mesma coisa se aplica no Ozempic e seus “dupes”. Goste ou não, as canetinhas que auxiliam no processo de emagrecimento já fazem parte da vida e da rotina de muita gente, causando impacto na economia, na cultura e na saúde pública.
Aqui, temos dois caminhos: ou ficar presos no julgamento (e, sim, sabemos que em uma sociedade ainda apegada a padrões de beleza que exaltam a magreza, é preciso olhar para a popularização das canetinhas com ressalva e desconfiança, caso a caso) ou entender as camadas e os benefícios que o uso do Ozempic podem sim trazer à saúde pública.
Os efeitos que ninguém coloca na bula
Num estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade, medicamentos como o Ozempic mostraram impacto positivo não apenas no peso, mas também na saúde mental. Menos compulsão alimentar, menos inflamação e menos sintomas depressivos. E mais: relatos mostram que até familiares de usuários têm mudado seus hábitos alimentares, alguns perdendo peso sem usar a medicação.
Um efeito colateral coletivo, silencioso, que aponta para algo importante: o bem-estar nunca é só nosso. Ele é afetivo, ambiental, social.
Porém, vale o alerta: o uso indiscriminado e sem prescrição médica pode ser perigoso.
O corpo muda, o mercado responde
Enquanto isso, o mercado responde à altura. Por conta do “rosto de Ozempic”, efeito colateral estético do uso da canetinha, produtos de skincare para elasticidade da pele, hidratação e firmeza passam por um boom de vendas, diz a Vogue.
Tratamentos estéticos para fixação da pele, lifting facial, uso de dermal fillers, bioestimuladores e tratamentos contra flacidez também estão em ascensão, tanto para o rosto quanto para o bumbum (duas das principais áreas afetadas pela perda rápida de peso).
Por outro lado, dados do mercado americano coletados pela QSight e pela Circana mostraram que no último ano, procedimentos estéticos como cirurgias, neurotoxinas, preenchimentos dérmicos, rejuvenescimento da pele e outros apresentaram leve queda ou permaneceram estáveis, exceto os serviços de perda de peso e dieta.
Ainda nessa pesquisa, foi comprovado que os medicamentos GLP-1 para perda de peso remodelaram o mercado de estética, com a receita de clínicas que oferecem tratamentos com as canetinhas aumentando em média 9%, em comparação com uma queda de 2% em clínicas que não oferecem esses medicamentos.
Mas não é só com o rosto – ou com o bumbum – que os usuários de Ozempic se preocupam. A demanda por fragrâncias femininas, skincare e batons também cresce no primeiro ano após o início do uso do remédio (comprovam pesquisas). É tipo um efeito “cascata", depois que a pessoa começa a cuidar melhor do peso e do corpo, ela passa a “olhar mais para si", sem medo de se encarar no espelho e reativar a vaidade que por anos esteve esquecida.
Além do skincare, trend hunters também enxergam outro comportamento de consumo em resposta ao aumento do uso dos inibidores de apetite: uma maior demanda por produtos capilares e suplementos para manter os fios saudáveis, evitando a queda de cabelo causada pela perda de peso rápida.
Como o mercado deve se preocupar com isso
Entendido que já não estamos mais na etapa de julgamento e nem de culpa, e sim na de compreensão de comportamento, chegou a hora da indústria adaptar o seu discurso.
Usuários desses medicamentos geralmente têm metas que vão além da perda de peso, e que incluem melhor gerenciamento da saúde e ganho de bem-estar.
Para o mercado se apropriar desses benefícios e esvaziá-los, é fácil. Por isso voltamos a levantar a bandeira do wellness responsável.
Não dá para ignorar o impacto que as canetinhas podem causar na saúde pública, nem tampouco banalizar o seu uso. É preciso incentivar a manutenção desse estilo saudável com soluções que realmente ajudem e impulsionem a qualidade de vida de seus usuários, não com suplementos desnecessários ou cremes que não trazem nenhum efeito.
O efeito do Ozempic no mercado de casamentos.
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Oi! Eu sou a Alice, estrategista, pesquisadora e fundadora da Inside Beauty.
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